Hoje passei pela primeira vez um relatório para ser apresentado a junta médica com o propósito de uma reforma antecipada.
Assim e depois do post de há 3 dias ando cada vez mais consternado com o papel político que comprei, sem saber, quando escolhi ser psiquiatra.
Ingénuo, pensava que o meu trabalho se resumia a lutar pela melhoria do estado de saúde (da qualidade de vida) das pessoas que me procuram no hospital, mas eis que me colocam no lugar do poder sobre a vida profissional das pessoas e as pensões sociais do estado.
Ingénuo, trabalhava na minha memória as minhas próprias vivências da doença para me construir como terapeuta.
Durante o curso de medicina aprendi a auscultar, a pedir para o doente se despir, a ouvi-lo e a prescrever como se estivesse perante mim próprio mas eis que agora me pedem para esquecer tudo isso.
Hoje de manhã senti, verdadeiramente, que todas as nossas categorias, o nosso linguajar, se desfazem perante a força das necessidades económicas e das pressões sociais.
29.5.07
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