Ninguém consegue perceber nada da política belga a começar pelos belgas eles próprios. Experimentem perguntar a um belga como é que afinal funciona o seu sistema legislativo, o resultado mais certo será uma enorme conversa muito pouco esclarecedora e interessante. No meio de 6 governos, um rei e a sinistra figura de um "formateur" o mais provável é ficarem como eu fiquei diversas vezes - mais ou menos na mesma. Talvez isso explique porque é que a complicada situação política que se vive naquele pequeno país onde se situa a "capital europeia" tenha sido tão pouco discutida na imprensa portuguesa.
A verdade é que as desconfianças crescentes entre os 60% flamand e os 40% wallons ameaçam a integridade de um país que foi muitas vezes mostrado como exemplo da convivência interlinguística para uma europa que se quis construir cada vez mais federal.
Se até aos anos 70 a preponderância económica e cultural era francofona, a verdade é que desde então a maioria flamenga se tem imposto de forma crescente em ambos os campos. E os flamengos parecem fartos de andar a sustentar a segurança social de uma wallonie desempregada e decadente.
Apesar de ninguém falar, e ser constantemente negada , a construção desta distância/ desta diferença em fundamentações étnicas (na Bélgica fala-se apenas de diferenças linguísticas), a verdade é que existem sinais claros que vão além disso. Com espanto descobri um cartaz publicitando uma piscina em que o preço diferia não pela área de residência da pessoa (o que é comum na belgica) mas pela língua que usa (ou aqui deveríamos dizer pela sua língua identitária?). Era assim mesmo, claro e preto no branco- 7 euros para francófonos e 2 euros para flamengos.
Há 3 meses sem governo e numa tensão crescente entre grupos identitários continuará a Bélgica a ser a metáfora do futuro da Europa?
18.9.07
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