Diz-nos a Ana «A obrigação dos clínicos em respeitar a vida humana, mais que em a preservar, foi tema em destaque na comunicação do Dr Jon Snaedal, novo Presidente da Associação Médica Mundial (WMA).(...)Presidente da organização, assinalou que a mudança de uma palavra no Código Internacional de Ética Médica – de «o médico deve sempre ter em mente a sua obrigação em preservar a vida humana» para «o médico deve sempre ter em mente a obrigação em respeitar a vida humana» - “reflecte uma mudança fundamental na forma como os médicos pensam os seus deveres”.»
Antes de mais devo esclarecer que não concordo com o exmo presidente. Sem dúvida que existe uma mudança importante no discurso médico que deve reflectir-se nos códigos éticos que pretendem reger os actos realizados em exercício da profissão. Não me parece no entanto que exista verdadeiramente "uma mudança fundamental" na forma como os médicos pensam os seus deveres.
Parece que quando se fala em vida e morte alguns pensam sempre em aborto e eutanásia quando na realidade vida e morte dizem respeito a quase todos os aspectos da actividade clínica e fazem parte do quotidiano de quase todos nós que a exercemos. A medicina é lidar com isso mesmo. Medicina é lidar com a morte que espreita. Desde os cuidados neo-natais até aos cuidados paliativos, passando por este primo afastado ou ovelha negra que é a psiquiatria.
Não percebo "confusões" como esta do Tiago «Antes, um médico, perante uma situação de aflição, muitas vezes sem ter tempo de raciocinar sobre o que fazer, sabia perfeitamente o que fazer: tudo o que fosse possível para “preservar a vida humana”.» Não caro Tiago, muitas vezes, e nalgumas situações na maioria das vezes, os médicos não sabiam e continuam sem saber o que fazer. Muitas vezes, e nalgumas situações na maioria das vezes, os médicos sabiam e sabem que a vida humana não deve e não pode ser preservada.
Desde que entrei para a faculdade nunca conheci ninguém que agisse tendo em vista a "preservação da vida humana" (dêem-me um desconto - não sou assim muito social), e só quem nunca entrou numa enfermaria é que nunca ouviu a pergunta:
-E este... é para reanimar?
5.11.07
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6 comentários:
Porque é que eu nunca consigo fazer aquelas merdas de "pingback(?)"?
Se calhar por isso é que ninguém me lê, nem me convidam para estas merdas de cadeias...
Não, não deve ser só por isso...
Tenho de começar a falar de sexo, a ver se animo ao menos a caixa de comentarios (com outros que não os meus)...
Estou familiarizada - e por demais - com os cuidados paliativos e suas "nuances" bem como a indiferença a que são votados quer doentes, quer familiares.Subscrevo inteiramente as suas palavras.O dever de preservação da vida cabe, antes de mais, aos próprios na gestão que dela fazem quotidianamente.
Aqui a ninguém que, de quando em vez, comenta os seus posts, agradece:P
O retorno é um elemento importante da comunicação..mas ainda tem dúvidas de que este blog(ue) é lido e considerado?
Obrigado... estava a querer dar nas vistas...
lobotomias
Então é esta a retribuição do meu amor??? Histérico! ;-)
Love you,
amp
beijos
lobotomias
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