ou pelo menos estranho, apesar de nos seus discursos se referir a Jesus perguntando à audiência: 'O que compraria Jesus?' ou fazendo referências à expulsão dos vendilhões do templo.
Segundo o Courrier Internacional desta semana, What Would Jesus Buy? é precisamente o título do novo documentário de Morgan Spurlock (Super Size Me) sobre o reverendo Billy, fundador de uma nova igreja - Church of Stop Shoping.
Ele exorcisa máquinas registadoras, alerta contra o iminente shopocalypse, insta os norte-americanos a deixarem de comprar a guerra que lhes foi vendida através de publicidade enganosa, tudo com muito Amen, Aleluia! pelo meio.
O que representa esta figura de tele-evangelista e a sua cruzada contra o consumismo? Uma ridicularização desse mesmo discurso tele-evangelista? Se a sua mensagem é muito crítica dos Estados Unidos de Bush e dos seus amigos neo-conservadores, ela não deixa de adoptar o mesmo modelo maniqueísta. E este modelo é o modelo que apela à adesão irracional às ideias boas contra a tentação pecaminosa das ideias más, é o modelo que apresenta como inevitável o apoio às acções do bem contra as forças do mal. E a forma que o discurso tele-evangelista exibe não é distituída de relação com o conteúdo e com os seus objectivos. Ela tende a provocar a exaltação do bem nas almas dele sequiosas e esta exaltação, esta histeria com muito Amen, Aleluia! pelo meio, é não raras vezes bem mais eficaz que qualquer apelo à reflexão.
Daí que fique a dúvida: tem o imitar da forma como objectivo o atingir da mesma eficácia performativa, o desconstruir dessa mesma forma expondo-a ao ridículo, ou ambos? Daí que fique a dúvida: apreendem da forma, os destinatários do reverendo, alguma mensagem? que tipo de mensagem será essa? aqueles que se riem, riem com ele, riem-se dele, riem-se deles próprios ou riem-se de tudo isto?
A que peixes prega este reverendo?
Nota: conheço alguém que bem que precisava de se ir confessar com este senhor. Quem estiver interessado pode consultar aqui as datas da tourné.
22.5.07
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