22.10.07

Watson - Sobre testes, validações de testes, a epistemologia, o chocolate e a inteligência de alguns.

Estava disposto a calar o lobotomias para sempre mas esta merda do QI estava já a mexer-me com os nervos.
Na realidade do senso comum, e da ciência parva, falamos de inteligência como uma coisa objectificada mas cada um de nós tem um conceito muito próprio dela . Eh pá aquele é que é um tipo inteligente e tal, para logo vir alguém, fodasssss eu acho que o tipo é um banana e só diz obtusidades e tal.
Mas qual é verdadeiramente a força cientifica deste constructo – inteligência – qual é a sua coerência interna, qual é o seu Gold Standard?
Neste caso como em muitas áreas da avaliação em psicologia (exceptuando a psicopatologia) os conceitos existem per se, e é per se que têm de ser aceites. Isto porque não existe nenhum Gold standard, nenhuma outra forma de operacionalizar o constructo para além dos próprios testes que se propõem a medi-lo (de novo excepto no caso da psicopatologia- ou neste caso da debilidade). E não temos verdadeiramente nenhum Gold standard porque a inteligência não é um constructo sólido, não é um conceito sobre o qual nos possamos facilmente pôr todos de acordo durante uma avaliação por entrevista, não tem coerência interna.
Ou seja – mais simples para poder ser lido por todos– a inteligência existe? existe. O que medem estes testes? a inteligencia. O que é a inteligência ? é aquilo que é medido por estes testes.
Como é que podemos avaliar estes testes se não temos um constructo sólido ? uma das maneiras de o fazer passa por aquilo que o Luis nos explica aqui, cito:
« os testes de QI foram desenvolvidos em 1905, por Alfred Binet. Na primeira versão dos testes, os homens tiveram (em média, sempre em média) melhores resultados que as mulheres. O autor corrigiu os testes e as mulheres passaram a obter os mesmos resultados. Anos mais tarde, os testes foram re-corrigidos para que os negros obtívessem os mesmos resultados que os brancos.»
Na realidade uma das formas de validar os testes é tentar que eles tenham resultados homogéneos em diversos grupos sociais- como forma de justificar a universalidade do conceito e a coerência interna do consctruto. Ou seja – mais simples para poder ser lido por todos– para que possamos dizer que medimos a mesma coisa apesar dos grupos sociais serem diferentes.

Mas tudo isto é uma discussão de alguma forma desactualizada porque o senhor Watson inventou um Gold standard espectacular- Ter empregados negros, e o Prof Desiderio inventou outro que é o - é obviamente verdade -“Regressando ao tópico incómodo da inteligência, é obviamente verdade que alguns grupos de seres humanos são mais inteligentes do que outros” Mostrando que os filosofos de hoje em dia estão menos preocupados com as questões epistemológicas que com serem uma bela cobertura de chocolate para este movimento de gente tão inteligente e anti- politicamente correcta . O que me leva desde logo a outra dúvida qual é o Gold standard para distinguir chocolate branco de preto. Ou como o Professor Miguel perguntou “como decidiriam quem é negro e quem é branco antes sequer de começarem um estudo comparativo das inteligências (ou do tamanho das pilas, me da igual) de “negros” e “brancos”?”
Ou a mesma coisa de outra forma por Paulo Mota (sem pilas e assim...) “ apenas os restantes 7.5% correspondem a diferenças entre grupos étnicos caracterizados por determinados traços morfológicos, geralmente designados por raças. Ora se uma divisão por raças apenas dá conta de 7.5% da variação genética entre populações humanas, é uma divisão sem interesse biológico.”

1 comentário:

Patrícia Pascoal disse...

may the force be with you
;-)