29.4.07
Também sobre o tempo
Um dia um amigo falou-me de um ritual de candomblé em que participou há alguns anos atrás quando esteve no Brazil. A determinada altura pediram-lhe, os ritualistas, que, enquanto olhava para o mar, e um dos ritualistas desenrolava um novelo, pensasse/desejasse para o futuro. Na tensão de saber que o novelo poderia acabar a qualquer momento, disse-me o meu amigo, esvaziou-se-lhe o pensamento, não conseguindo pensar em nada. Talvez o desejo só possa existir na relação entre o passado e o futuro, e esta experiência de esvaziar do presente o passado, seja a verdadeira experiência do buraco negro de grotstein. Dentro do buraco negro não existe desejo, nem passado, nem futuro. É disto que andamos todos a fugir enquanto dizemos que vivemos.
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