16.5.07

O sangue dos outros

As Panteras Rosa realizaram hoje uma acção contra a discriminação de que são alvo os dadores homossexuais por parte do Instituto Português do Sangue. Para quem duvidava do fundamento da acusação ficaram as palavras de Gabriel Olim (presidente do referido instituto):
"Ser homossexual não é critério automático de exclusão, de acordo com as directivas existentes. A exclusão depende do resto da entrevista. Mas dar sangue não é um direito. O que interessa é a tranquilidade e a segurança de quem vai receber o sangue. E os portugueses têm preconceitos."
Ou seja, se os portugueses têm preconceitos, o Estado português tem o direito de discriminar para proteger os portugueses preconceituosos e não as vítimas do preconceito. Seguindo a lógica, e pensando em todos os preconceitos que os portugueses têm, conseguimos bem imaginar o tipo de sociedade em que gostaria de viver o senhor presidente. Se calhar já estivemos mais longe de voltar a esses caminhos, mas por enquanto ainda vamos tendo um Estado que se diz democrático e que nos devia proteger destas nostalgias.

"O sangue chama por sangue, diz o ditado. Já se tem visto as pedras moverem-se, as árvores falarem, as pegas, os corvos, as pombas, descobrirem, por via de augúrios e revelações conhecidas, o mais oculto criminoso. Em que alturas vai a noite?"
Shakespeare, Macbeth, trad. Domingos Ramos, Lello & Irmão Editores, p. 64

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