19.6.07

"Legente, que diz o texto? Que ler é ser chamado a um combate, a um drama." (Maria Gabriela Llansol)

Ler, escrever, falar, ouvir, dialogar – o desastre de nós de que fala Blanchot (L’Écriture du Désastre).
O perigo deste desastre é que, no decurso destas itenerâncias fragmentadas, ele tome sentido e não corpo – um corpo combativo ou a combater, mas também um corpo amante. O discurso não é sentido, é corpo. Ou melhor, é antes de mais corpo – é um sentido ausente (e não ausência de sentido). E, por isso, comunicar é “Veiller sur le sens absent” (p. 72). Daí a dificuldade de qualquer forma de comunicação que, sendo significativa e produzindo significação, não pode suportar este sentido ausente – repele o corpo para os limites do abismo onde ficamos condenados a contemplar o nosso próprio desastre (ou a repetir o desastre do Outro – Eco e Narciso):


Derrida

3 comentários:

salomé disse...

não sei se ao falares em desatre te referes à origem da palavra: 'privação de astro favorável'. se desastre for fatalidade reconheço essa qualidade no destino de Narciso.Fora isso não vejo grande desastre na contemplação daquilo que reflectido vejo como '(m)eu'.

marta (doavesso) disse...

"Mas, se quem pensar não der o seu corpo, o que pensará?" (Llansol).
um beijo.

umCorpoEstranho disse...

desastre precisamente como origem e privação, como fissura originária. fissura na linguagem como uma mudez que impele ao grito e é testemunho da impossibilidade do silêncio, fissura no pensamento que Artaud disse só poder pensar a sua própria impotência. tudo isto posso ver como '(m)eu' sem que nada de 'desastroso' (não sei se era este o sentido da tua objecção, salomé) daí advenha