12.6.07

Lisboa, 01h15

(Rotunda do Areeiro – vazia, à excepção de alguns carros que passam e de três Homens Pretos que se dirigem ao único taxi parado na praça; não chegam a entrar, o carro avança rapidamente antes que o consigam fazer;
uma Mulher Branca aproxima-se, espera também um taxi; estes abrandam na rotunda em frente à praça, olham, voltam a arrancar; à passagem do terceiro taxi livre a Mulher Branca faz sinal; o taxi pára na rotunda)


Mulher Branca (dirigindo-se aos três Homens Pretos) – Vocês estão à espera também?

Homem Preto 1 – Vai tu.

Mulher Branca – Vocês estavam cá primeiro.

Homem Preto 2 – Vai tu, pode ser que tenhas mais sorte que nós.


(a Mulher Branca entra no taxi)


Taxista Branco (irritado) – Então, chama e depois não vem?

Mulher Branca – Estava a perguntar àqueles rapazes se não estavam também à espera de taxi. Era para a Rua X.

Taxista Branco – Já estava mesmo para me ir embora.

Mulher Branca – Pois, mas eles tinham chegado antes de mim e, pelo que percebi, vários colegas seus já se tinham recusado a levá-los.

Taxista Branco – Aqui também não vinham, garanto-lhe.


(silêncio)


Taxista Branco – É o mundo em que vivemos, não é? Eles até podiam ser bons rapazitos, coitados.

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