(Rotunda do Areeiro – vazia, à excepção de alguns carros que passam e de três Homens Pretos que se dirigem ao único taxi parado na praça; não chegam a entrar, o carro avança rapidamente antes que o consigam fazer;
uma Mulher Branca aproxima-se, espera também um taxi; estes abrandam na rotunda em frente à praça, olham, voltam a arrancar; à passagem do terceiro taxi livre a Mulher Branca faz sinal; o taxi pára na rotunda)
Mulher Branca (dirigindo-se aos três Homens Pretos) – Vocês estão à espera também?
Homem Preto 1 – Vai tu.
Mulher Branca – Vocês estavam cá primeiro.
Homem Preto 2 – Vai tu, pode ser que tenhas mais sorte que nós.
(a Mulher Branca entra no taxi)
Taxista Branco (irritado) – Então, chama e depois não vem?
Mulher Branca – Estava a perguntar àqueles rapazes se não estavam também à espera de taxi. Era para a Rua X.
Taxista Branco – Já estava mesmo para me ir embora.
Mulher Branca – Pois, mas eles tinham chegado antes de mim e, pelo que percebi, vários colegas seus já se tinham recusado a levá-los.
Taxista Branco – Aqui também não vinham, garanto-lhe.
(silêncio)
Taxista Branco – É o mundo em que vivemos, não é? Eles até podiam ser bons rapazitos, coitados.
12.6.07
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