4.7.07

Em França como aqui

Uma das promessas eleitorais de Sarkozy foi o contrato de união civil para casais do mesmo sexo. Ainda não o casamento, claro está, para que continue a ficar de fora o direito à homoparentalidade. A este propósito escreve Serge Hefez no Familles, je vous haime:


As oposições simplistas entre o natural e o não natural tendem sempre a escamotear as complexidades do humano naquilo que é e naquilo que vai fazendo de si e da sua natureza:

“O costume é uma segunda natureza que destrói a primeira. Mas que é a natureza? Porque não é o costume natural? Receio bem que esta natureza não seja, ela própria, mais do que um primeiro costume, como o costume é uma segunda natureza. (...) Nada há que não possamos tornar natural. Não há natural que não possamos fazer perder.”
Blaise Pascal, Pensamentos, Publicações Europa-América, p. 52 (#93-94)

A argumentação que se centra na
naturalidade de certas práticas e
costumes é frequentemente inconsistente confundindo argumentos de ordem biológica com argumentos de ordem moral ou religiosa. A este respeito e pegando no título do post anterior, apetece perguntar: e a sagrada família será uma ‘família natural’? O que terá de natural uma família em que o pai é uma pomba e a mãe é uma virgem? E o pobre José no meio disto tudo, que direitos terá,
não sendo o pai biológico da criança?

1 comentário:

lobotomias disse...

"Nul n’ignore la nécessité d’un gamète mâle et d’un gamète femelle pour fabriquer un enfant"
É capaz de não faltar assim muito para que o sexo original dos produtores dos gametas não seja relevante.