18.1.08

Paranoid differences?

Também dei uma vista de olhos neste estudo sobre um subtipo de staphylococcus meticilino-resistente. Não percebo muito de epidemiologia mas parece-me muito fraquinho (aquela parte em que se pretende passar da prevalência na população para comportamentos sexuais através de códigos postais parece-me a saúde pública no seu melhor (pior) como o Prof Miguel explica aqui).
De qualquer maneira não resisto a pôr aqui esta tabela:


Ou seja o estudo pretende demonstrar um aumento do risco relativo e propõe uma janela de aumento que vai desde 70%, muitíssimo pequeno para uma infecção tão rara e tanto alarido, a 10016%. Que tal assumirem que simplesmente não sabem? Principalmente quando apenas têm um estudo retrospectivo com tantas falhas (e mesmo assim só conseguem sacar um intervalo deste tamanho...)
Talvez convençam aqueles que acreditam que um possível aumento de 50% no risco relativo de doenças raras e fatais através do "fumo passivo" é importante. A mim faz-me apenas sorrir...

Depois vale a pena pensar sobre as motivações para estudar os "caminhos epidemiológicos" de diferentes subtipos de Staphylococcus meticilino- resistente (SAMR) se a clínica e o tratamento são semelhantes nos diversos subtipos. Um subtipo comunitário (de nome de ressonâncias hollywodescas- USA300) parece-me que, como é óbvio, deve "caminhar" dentro de comunidades com contactos aproximados (nomeadamente códigos postais, mas possivelmente também comportamentos sexuais ou até aspectos identitários), e o estudo (mesmo que tivesse resultados um pouco mais convincentes) só deve ser analisado tendo em contexto o SAMR (ou se quiserem os diversos subtipos), a sua prevalência nas populações estudadas e os seus "caminhos epidemiológicos". É importante ler por exemplo no dito estudo que "multidrug-resistant USA300 accounted for only 2 of 91 (2%) MRSA cases randomly selected from the 1014 MRSA isolates identified from throughout SFGH in the population-based study"

Relembro a forma como continuamos a pensar dentro do binómio diferença/doença, a esse respeito fui buscar o que escrevi sobre Gillman em Maio:

Gillman pensou sobre os discursos ocidentais construidos acerca da sexualidade, raça e loucura a partir do século XVIII, principalmente através da perspectiva psicanalítica.
No fundo, a base da sua argumentação foi de que a criação da personalidade normal implicaria o distanciamento e materialização (Foucault diria objectificação se engolisse esta merda psicodinâmica) daquela parte do self que é de difícil controlo e ansiogénica - o mau-self. O mau-self que é então projectado e materializado no exterior através do desenvolvimento de estereótipos.
Este self sem controlo está relacionado com as representações da sexualidade e a sua relação com a diferença em geral – mas também com a doença, a cor da pele, a diferença anatómica sexual.

1 comentário:

Anónimo disse...


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