Para aqueles (como Rack) que pareciam não acreditar na confusão em que andam os manuais da área em relação aos conceitos de sexo e género deixo apenas esta frase do DSM IV:
"com o trasvestir-se e o tratamento hormonal (e para os homens a
electrólise) muitos sujeitos com esta perturbação podem ser tomados de modo
convincente como do outro sexo."
No kaplan não encontrei nenhuma frase tão flagrante (não me apeteceu lê-lo todo outra vez, sou preguiçoso eu sei), mas subentende-se em todo o capítulo um entendimento do papel de género, ou seja, um entendimento do que é ser homem ou mulher, como dependendo unicamente da genitália. De qualquer maneira encontram-se facilmente frases tão merdosas como esta :
"These procedures may make a person indistinguishable
from members of the other sex."
Sublinho- passar de forma indistinguível por uma pessoa do outro sexo . Este mecanismo faz lembrar a expressão de Babha (ver Of Mimicry and Man- the ambivalence of colonial discourse , Babha ), que no contexto da discussão sobre a relação colonial diz «almost the same but not quite»/«almost the same but not white». São realmente bastante próximos, talvez da mesma natureza, os conceitos de raça / etnia e sexo / género.
Ou como diz uma amiga minha- uns fazem broches e outros fazem sexo oral.
2 comentários:
Eu fiz 2 comentários no teu blog. Um para dizer que achava errado a ideia de os psiquiatras terem função de sanita e ainda por cima ensinarem isso aos aprendizes. O outro para dizer que a tua ideia de reformular o kaplan era um pouco inglória, achei bonito mas ingenuo querer mexer em manuais tão mainstream. Não disse que acreditava em todos esses manuais, se o dei a entender foi porque ou me expliquei mal ou me interpretaram demais.
Um físico famoso (acho que o Freeman Dyson, mas não tenho a certeza) disse certa vez:
"If it walks like a duck, if it quacks like a duck, and if it looks like a duck, then it probably is a duck."
Já agora, qual é a diferença entre o som de um CD de áudio original, e o de um CD copiado?
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